Coluna Jura Arruda

“Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro”

A escritora e agente territorial de cultura, Cristiane Belize Bonezzi fala sobre a FLICA – 1a Festa Literarte de Campo Alegre e de seu novo livro “Prenúncio”.

No dia que recebi o material do primeiro livro da Kika, como é carinhosamente chamada a escritora Cristiane Belize Bonezzi, não consegui parar de ler o que me parecia muito com o estilo de Lygia Fagundes Telles. Meses depois, a Editora Areia publicava “Quando o assunto acaba”, seu livro de estreia.

Residente em Campo Alegre, o paraíso na serra, Cristiane foi convidada pela Secretaria de Cultura da cidade para contribuir como idealizadora e organizadora da festa de literatura e arte que ocorre dentro da 20ª edição do Festival de Inverno com shows nacionais, cultura e gastronomia típica. A seguir nossa conversa sobre a Flica e “Prenúncio”

Jura: Como vai ser a Festa Literarte?

Cristiane: A ideia é dar um caráter mais artístico dentro do festival, promovendo principalmente a literatura, mas também as artes irmãs. É uma festa nascente, em uma cidade pequena, de 12 mil habitantes, que conta apenas com uma sala de leitura dentro da Casa da Cultura. A gente tem que ir abrindo espaço para trazer mais literatura para a cidade. A programação vai ter uma palestra do Clóvis de Barros Filho na abertura do evento; outra com a Vanessa Passos, que vai oferecer também uma oficina de escrita gratuita; além de vários escritores da região. Muitas pessoas não sabem que há escritores publicados aqui em Campo Alegre. A gente quer valorizar também o que tem sido produzido aqui.

Jura: Qual a expectativa?

Cristiane: A expectativa é tornar o evento mais variado, ampliar o interesse da comunidade pelas diversas áreas da cultura, porque, tradicionalmente, o foco tem sido a música popular. A gente quer trazer uma oferta maior, uma variedade cultural maior, jogar uma sementinha para brotar literatura. Em toda essa região do Planalto Norte não tem uma feira de livros, queremos nos tornar referência e ir ampliando com o tempo.

Jura: Como tem sido o seu trabalho?

Cristiane: Enquanto escritora e agente territorial de cultura, que é uma função que exerço até o ano que vem dentro do Programa Nacional de Cultura do MinC, fui chamada pela Secretaria de Cultura de Campo Alegre para ajudar na idealização e na organização da parte literária da festa, de pensar na programação, de convidar as pessoas para participarem, ver questões de hospedagem, um pouco de tudo. É um desafio, mas estou muito feliz com a oportunidade, e muito esperançosa sobre o sucesso da festa.

Jura: Neste momento, você também está envolvida com outro projeto, não é? O lançamento de “Prenúncio”, seu novo livro.

Cristiane: É um projeto que vou realizar com recursos da PNAB – Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, mas é uma ideia que eu já tenho há bastante tempo, desde que eu comecei a escrever. Eu tinha a maior parte das ideias dos contos na cabeça, demorei para colocar no papel. “Prenúncio” é o título de um dos contos, que tratam de realismo mágico, primordialmente da natureza, às vezes como cenário, às vezes como personagem, sob uma perspectiva bastante feminina das relações.

Jura: E como foi o processo de escrita?

Cristiane: Foi longo, comecei a escrever histórias lá atrás, nas primeiras oficinas de escritas que participei, a primeira com a Ana Holanda; depois com você, na Feira do Livro de Joinville; outra com o Marcelino Freire, em Itajaí. Essa foi bem marcante, foi ali que desenvolvi um dos contos, a partir de uma frase, que foi bem relevante para eu soltar essas ideias que estavam emaranhadas aqui dentro.

Jura: Qual foi a frase?

Cristiane: “Todo mundo quer ser raiz”. Ela me atravessou e se tornou o primeiro conto do livro.

Jura: Em que fase está a produção, e quando será lançado?

Cristiane: O livro está na etapa de revisão, aguardando o prefácio para início da diagramação e começo da pré-venda, o prazo do edital é 9 de agosto, então, até lá, eu tenho que fazer o lançamento, mas acredito que aconteça agora em julho.

A coluna vai informar sobre o lançamento de “Prenúncio”, obra em que Cristiane transforma o território em paisagem e personagem. Os contos do livro nasceram ao longo de anos de escuta, observação e experimentação criativa. Como uma artesã das palavras, parte dos textos foram escritos à mão, em um caderno artesanal, embalados por uma playlist exclusiva e entrecortados por caminhadas silenciosas entre as araucárias.

A escritora Cristiane Belize Bonezzi – Foto: Divulgação

Obra reúne 34 partituras de canções natalinas

Compositor, arranjador, pianista e regente, Luiz Fernando Melara terá parte de sua obra registrada em um Libreto de Natal organizado pela produtora cultural Marisa Toledo.

O libreto que reúne 34 partituras de canções natalinas em arranjos para execução por corais, será lançado no dia 3 de julho, na abertura do 5º Festival de Corais Joinville, na Sociedade Harmonia Lyra. É uma amostra do trabalho do maestro em quase quatro décadas de carreira, na condução de corais universitários, como os da Univille e da Associação Catarinense de Ensino (ACE), e de entidades como Circolo Italiano di Joinville e Sociedade Cultural Artística de Jaraguá do Sul (Scar). O libreto, com tiragem de mil exemplares, será distribuído gratuitamente aos participantes do festival, e terá um QR Code que dará acesso gratuito à versão em áudio das partes em vozes, a fim de auxiliar no processo de ensaio.

Marisa Toledo, que foi aluna de harmonia do maestro e o acompanhou, como pianista, por cinco anos, recebeu da família de Melara a doação de todo seu acervo, entre arranjos de músicas consagradas e composições próprias. A produtora lembra que foi “um presente e uma honra” ter sido escolhida para ajudar a multiplicar o legado do maestro, e adianta que já tem outros projetos na sequência do libreto: “Já estou trabalhando para viabilizar a publicação de sua obra completa, que se constitui em uma produção generosa e eclética”.

Angela Regina Melara, filha mais nova do maestro, aplaude a iniciativa de Marisa: “Este projeto nos acalenta, à medida que foi desejo de meu pai perpetuar a obra de uma vida inteira. Sua sensibilidade e dedicação à música eram intrínsecas à sua existência. Conhecemos sua gratidão pelo incentivo de todos os colegas que fizeram parte de tantas realizações em sua trajetória profissional”. 

O regente Luiz Fernando Melara – Foto: Divulgação.

Perdões

As relações se perpetuam com lembranças, mas também se constroem com esquecimentos. 

Jura Arruda

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