Coluna Jura Arruda

Ditados populares e uma questão de pele

Isaías é um velho rico apaixonado por ditados populares. Ele deseja casar-se com Inês, uma costureira viúva. Após enviar diversas cartas sem resposta, ele decide fazer uma visita pessoalmente. 

Esse encontro vai acontecer no palco da Ajote (Rua XV de Novembro, 1.383), neste sábado (26), às 20 horas, quando a Cia de Teatro Arte de Cá, com atuação de Josi Tomaz e Adriano Fagundes. A entrada é gratuita.

A peça estreou em agosto de 2022, em Itapoá/SC, onde reside o músico Helmuth Kirinus, que sonhava levar esta peça de Arthur Azevedo ao palco. A direção é de Ângela Finardi e a produção de Prika Lourenço, numa parceria entre a Arte de Cá e Metamorfose Cia Cênica.

O espetáculo apresentado em teatros, escolas e ruas, costuma ter uma relação com cachorrinhos, que assistem a peça e até visitam os camarins. “Já tivemos um, em uma escola, que brincava com a saia da personagem Inês antes de entrar em cena. E já tivemos doguinhos na plateia. A razão dessa relação? Não sabemos. Será que Arthur Azevedo tem alguma coisa a ver com isso?”, questiona a atriz Josi Tomaz.

Além dos palcos, uma questão é recorrente nas apresentações do grupo, como conta Josi: “Temos um ator negro que interpreta Isaías, fomos alertados que poderíamos parecer racistas porque Inês o chama de feio inúmeras vezes. Mas entendemos que independente da cor da pele os atores podem dar vida a qualquer personagem.”

Em outro momento, esta coluna vai trazer a discussão sobre este tema conversando com atores e atrizes da cidade. Por ora, a sugestão é: não perca este espetáculo divertido e cheio de anexins que Josi e Adriano apresentam com belíssimas atuações. 

Cena de Amor por anexins – Foto: Divulgação.

Abril Mundo

Está acontecendo o evento Abril Mundo desde o dia 17, na Univille, com o objetivo de incentivar a leitura. O Clube Conto está sendo o espaço para se debater obras e explorar as nuances da literatura.

No dia 17, se discutiu “O barril de amontillado”, de Edgar Allan Poe. Neste sábado (26), o encontro traz o romance “Zaime – retratos de amor”, de Sonia Barros. Os encontros são virtuais, possibilitando a participação de qualquer lugar do mundo. 

A programação com oficinas e palestras está no perfil do Prolij no Instagram, eu destaco a palestra “Basta ler para ser leitor”, da professora e pesquisadora Sueli de Souza Cagneti, no dia 30, com mediação de Alcione Pauli. Ela foi idealizadora e implantou o Prolij – Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil, da Univille, que vai completar 30 anos, em 2027, atualmente pós-doutora em Literatura e mora na Itália, como informa meu amigo e criador de conteúdo Pierre Porto.

Livro de Sueli Cagneti – Foto: Divulgação.

Navegantes da Utopia

O Grupo de Teatro Navegantes da utopia, formado na década de 1990, que tive o prazer de participar ao lado de Hélio Muniz e Norberto Deschamps, segue atuante e apresenta nesta sexta-feira, às 9 horas, no Centro Comunitário Costa e Silva, o espetáculo infantil “No mundo da poesia”.

A peça aprovada no SIMDEC-FMIC/2023 é composta por poemas e músicas. Nele, de forma interativa e dinâmica, os atores proporcionam às crianças um contrato direto com o universo da poesia, envolvendo-as com poemas misturados com músicas, rimas e adivinhações. 

Norberto informa que o espetáculo é para crianças acima de sete anos, tem 40 minutos de duração e a entrada é gratuita.

Espetáculo No mundo da Poesia – Foto: Divulgação.

Desapego é mesmo o quê?

No dia que nos mudamos para a casa nova, onde viveríamos juntos e para sempre, levamos nossos pertences, cada um de sua antiga casa que, somados ao que ficou na nova, gerou um acúmulo imenso. Era hora, então, de escolhermos o que ficaria e o que seria doado ou vendido ou descartado. Eu organizava uma e outra coisa, enquanto tentava dar conta do trabalho na editora. Minha mãe, sentada em uma cadeira de escritório com rodinhas que a fazia ir de um canto para outro da casa sem forçar seus joelhos que padecem de artrose, carregava objetos numa tentativa inócua de decidir o que seria descartado.

– Olha, filho, essa tigela foi a tia – e falava o nome antigo de uma tia distante – que me deu, quando a gente morava lá no Parque Alvorada. Eu uso tanto! Lembra quando fiz aquela torta no aniversário do – e falava o nome de um amigo ausente e pelo tempo esquecido – eu não tinha manteiga e fiz com óleo de soja. Ficou tão bom. Todo mundo elogiou. A receita é bem fácil: vai meio litro de leite…

Assim, o objeto que estava em suas mãos para ser descartado vinha com tanta história e lembranças singelas que a gente concordava que ele ainda era necessário e deveria ficar.

(Trecho do conto “A história dos objetos intensos de minha mãe”)

Jura Arruda

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