Leandro Schmitz
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Quando o governo federal anunciou que zeraria a taxa de importação do etanol e outros seis alimentos, como a margarina, café torrado, queijo, macarrão, açúcar e óleo de soja, a população em geral comemorou, afinal ao falar em redução de imposto, logo as pessoas associaram à redução de preço e alívio no bolso; bolso este que nos últimos tempos tem ficado sem fundo para muitos. Mas afinal, a medida tomada com vigência até o final deste ano vai impactar no dia a dia?
Na análise da professora universitária, mestre em economia e doutora em educação, Jani Floriano, toda redução de taxas é bem-vinda, porém o impacto do imposto de importação zerado sobre estes produtos será pequeno, tendo em vista que outros ítens têm um peso maior no financeiro popular. “Estes alimentos representam apenas 3% do orçamento familiar, levando em conta o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), enquanto a conta de luz, por exemplo, já representa até 7%”, compara Jani, que também é coordenadora do Projeto de Extensão Finanças Pessoais da Univille.
Quanto ao etanol, Jani ressalta que seu preço está muito ligado à volatilidade das commodities, ficando a redução de imposto muito limitada, neste caso. “Se o barril de petróleo está muito caro, como tem acontecido cada vez mais frequentemente, naturalmente as pessoas optam pelo etanol para abastecer os carros e o preço acaba subindo, é uma questão de oferta e procura”. Além disso, ela lembra que no segundo semestre haverá safra de cana de açúcar, o que deve naturalmente baratear o etanol. A melhor alternativa, em todo o caso, continua sendo a famosa pesquisa de preço. O Procon de Joinville publica, mensalmente, os valores da cesta básica e dos combustíveis na cidade.
Para o advogado criminalista Olmar Pereira da Costa Junior, o governo já reduziu ou zerou impostos em outros momentos, como no caso do diesel. Na sua visão, a medida atual preocupa não agora, mas depois que encerrar a vigência: “Toda redução de impostos e taxas pressupõem uma compensação financeira aos cofres públicos e o governo não deixou isso claro, poderemos pagar esta conta mais tarde”, avalia.
Para a operadora de telemarketing, Graziela Aparecida Kalfeld, é preciso aguardar para ver se haverá resultado na prática: “Quem não ganha cesta básica e ganha só um salário mínimo não consegue se manter hoje em dia, então vamos ver se o desconto vai chegar nos mercados”.
A medida foi aprovada no fim de março, em reunião extraordinária do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão vinculado ao Ministério da Economia. A justificativa da pasta é que os seis alimentos citados tiveram alta de preços acima da média da inflação no país. Até então, o Imposto de Importação era de 28% para o queijo, 14,4% para o açúcar, 14,4% para o macarrão, 10,8% para a margarina, 9% para o café, 9% para o óleo de soja e 18% para o etanol.
