Déficit de 350 servidores no município, falta de remédios, pacientes na fila por mais de 5 horas para atendimento, número de óbitos por dengue maiores em relação ao mesmo período do ano passado. Esses são alguns dos fatores que culminam na crise da saúde em Joinville. No legislativo, uma solicitação para uma CPI foi aberta, mas não protocolada. Já o governo do Estado ainda não repassou recursos firmados para o Hospital São José.
De acordo com um levantamento preliminar realizado pela comissão especial da saúde da Câmara de Vereadores de Joinville, faltam cerca de 350 servidores, em postos de saúde, unidades de pronto-atendimento e no hospital do município. Estes números podem auxiliar a prefeitura no mapeamento e em um futuro concurso público, ainda sem data prevista para o certame.
A última vez que a cidade realizou a prova foi em 2014. Por outro lado, o executivo publicou no site no dia 5, a lista de classificados pelo processo seletivo para cargos na saúde. Os profissionais atuaram no município por dois anos.
No hospital São José, medicamentos como Unasyn e Oxacilina (antibióticos) estão em falta. Já no P.A Sul, não há Amoxicilina, antibiótico para tratamentos de Amigdalite, além da demora para o atendimento. Este é o caso de Giovana Franco, 18, que permaneceu por 5 horas no hospital até a finalização do atendimento.
A jovem precisava do remédio para tratar uma Amigdalite bacteriana após ter uma crise. De acordo com a jovem, a médica contou que o remédio estava em falta na unidade e receitou outro medicamento. Segundo a prefeitura, “há falta pontual de medicamentos no estoque da Secretaria da Saúde. Para todos os medicamentos há contrato para a compra por meio de licitação, além de convênio com o consórcio Cisnordeste. Porém, há casos em que falta matéria-prima para a produção e outros relacionados à alta demanda no mercado nacional como um todo”.
Para ajustar a situação da falta de medicamentos nas unidades de saúde, a Prefeitura de Joinville afirmou que está “analisando os contratos relacionados com a compra de medicamentos e eventuais falhas na entrega por parte dos fornecedores”.
Enquanto isso, o governador Jorginho Mello (PL) ainda não repassou os recursos que afirmou com o município. Em março, o governador esteve em Joinville e anunciou que o Estado assumiria 20% da folha salarial do hospital São José.
Dengue
No ano passado foram registrados 21 mil casos de dengue na cidade. Este ano, em quase seis meses, o número não chegou nem à metade (7 mil). Embora os casos em 2023 aparentam estão em queda, o número de óbitos já chegou a 10, se continuar assim até o final do ano, Joinville vai chegar a ultrapassar a casa dos 25 óbitos. No último ano foram registrados 19.
A secretaria da Saúde de Joinville, Tânia Eberhardt, reforçou que toda a população deve estar disposta a combater o mosquito, “os bairros têm os Conselhos Locais de Saúde que precisam ser ativos no sentido de trabalharem junto as associações, as igrejas nas mais diversas religiões, para que cada um se conscientize que cada pessoa precisa limpar o seu terreno, a sua casa.”
Um esforço do município para amenizar o excesso de atendimentos nos PA’s e hospitais da cidade é a Central de Atendimento da Dengue, instalada na universidade Unisociesc do bairro Boa Vista. Pacientes que estiverem com sintomas da doença podem se deslocar a unidade, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, podendo ter o horário estendido em caso de necessidade. “Todas as Unidades de Saúde estão preparadas para fazer o atendimento de pacientes com dengue. Temos a Central de Atendimento da Dengue e o Monitora Dengue, ou seja, o serviço público está oferecendo condições para que o tratamento seja feito. Porém, impedir que o mosquito se prolifere é um trabalho de todos”, afirmou a secretária.
Para diminuir o déficit em que a saúde joinvilense se encontra, Tânia defende que “a prioridade sempre será a Atenção Primária em Saúde, ou seja, os postos de saúde com as 150 equipes que nós temos espalhadas pelos bairros da cidade. É lá que tudo deve começar e acontecer”. De acordo com ela, a equipe de saúde do município está tratando para fazer a reposição de alguns servidores que se desligaram. Bem como reforçar alguns atendimentos nos distritos.
Com a divulgação de 350 agentes de saúde em déficit no município, de acordo com uma apuração preliminar da comissão especial da Câmara de Vereadores de Joinville, Tânia Eberhardt afirma que o número é menor, “falei na última reunião de um número aproximado de 350 pessoas faltantes. Porém, recebi que falta em torno de 190 agentes comunitários de saúde, mas esse número é bem menor. Nós fizemos o levantamento e faltam cerca de 30 agentes comunitários de saúde. Precisamos fazer a previsão de acordo com o resultado final do IBGE. Esse estudo está sendo realizado pela equipe técnica da secretaria”.
Hospital Infantil
Embora seja um hospital estadual, o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, se encontra em situação de lotação, não há vagas para novas internações. “Neste momento, estamos trabalhando com capacidade física máxima e com quadro funcional completo. No Pronto-Socorro, são 5 médicos 24h por dia – 3 pediatras, 1 ortopedista pediátrico e 1 cirurgião pediátrico. Além dos residentes que atendem sob supervisão dos demais plantonistas. Nos setores de Internação estamos com 100% de ocupação, com 50 leitos de Unidade de Terapia Intensiva e 110 leitos de enfermaria ocupados”, informou o hospital em nota.
A unidade solicita que os pais e responsáveis tenham ciência que o tempo de espera é superior a 2 horas, para casos não graves. Caso a criança necessite de um pediatra, o hospital afirma que é melhor procurar outras unidades de saúde.
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