Infectologista do Sistema Hapvida alerta sobre o crescimento dos casos de dengue em Joinville

Conforme o Painel Dengue Joinville, o primeiro trimestre de 2022 terminou com pelo menos 2,6 mil casos notificados e 214 casos confirmados da doença na cidade, com maior incidência na faixa etária de 40 a 50 anos, entre homens (52%) e no bairro Costa e Silva (96 casos). De acordo com indicadores do InfoDengue, sistema da Fiocruz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a região Sul do país é uma área de atenção neste ano, com Joinville sendo um dos municípios destacados como ponto de atenção.

No ano anterior, a doença já estava no radar das autoridades de saúde. A dengue havia sido responsável em 2021 por sete mortes em Santa Catarina, cinco delas na cidade mais populosa do Estado. O ano foi considerado pelo Governo do Estado como o maior em número de casos desde 2011. “Realmente, temos visto casos de dengue cada vez mais frequentemente em nossas emergências/PAs, principalmente. A covid diminuiu e agora a dengue voltou”, avalia Priscila Carraro, infectologista do Sistema Hapvida.

O alerta das autoridades demanda conscientização também por parte da população. Conforme a Vigilância Ambiental de Joinville, 45% dos focos do Aedes aegypti, responsável pela transmissão da doença viral, estão em residências. Inclusive dias chuvosos, como os que ocorrem com frequência em Joinville, facilitam o aumento de circulação do mosquito pelo aumento dos focos de multiplicação do mosquito. “É fundamental cuidarmos dos potenciais focos que temos em nossas casas. Água parada é criadouro de dengue. Depende de cada um de nós cuidar disso e diminuir os potenciais focos”, alerta a infectologista.

Sintomas e fatores de risco

Os sintomas da dengue aparecem depois de um período de incubação, que pode variar de três a 15 dias. Os principais são febre alta, dores no corpo e de cabeça, sensibilidade à luz, manchas pelo corpo, perda de apetite, náuseas e vômitos. No caso da dengue hemorrágica, outros sintomas podem ocorrer também, como perda de líquido e sangramento. Ela é mais grave e pode levar à morte. “Mesmo com apenas um sintoma, mas que seja muito intenso e que não cesse com analgésicos, o paciente deve procurar o médico”, orienta Priscila.

Conforme a infectologista, “a presença de comorbidade tem sido considerada por alguns autores como um fator de risco”. De acordo com Priscila, o manual do Ministério da Saúde destaca a necessidade de acompanhamento clínico diferenciado para portadores de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, asma brônquica, doenças hematológicas ou renais crônicas, doenças grave do sistema cardiovascular, hepatopatias, doença ácido-péptica ou auto-imune. “Apesar de existir um consenso que pacientes com comorbidades e idosos estão sob risco maior de desenvolver as formas graves e suas complicações, a exemplo do que ocorre com outras situações infecciosas e na presença de comorbidades, há de se considerar que não basta ser portador de comorbidade, sendo necessário avaliar a intensidade da doença de base”, pondera.

Reinfecção e imunização

Priscila alerta que a dengue “tende a ser mais grave na reinfecção devido a um aumento da resposta imunológica”. De acordo com a infectologista, a vacina só pode ser considerada em quem já teve um episódio anterior comprovado por exame. “É importante entender que a eficácia na prevenção da doença é de 65,5%; na prevenção de dengue grave e hemorrágica é de 93%; e de internação é de mais de 80%”, explica.

A vacina é contraindicada para pessoas imunodeprimidas; portadoras de alergia grave (anafilaxia) a algum dos componentes da vacina; gestantes; mulheres que estejam amamentando; e pessoas sem contato prévio com o vírus da dengue (soronegativos). O esquema vacinal consiste em três doses, com intervalo de seis meses.

Tratamento

Ainda não há antiviral com eficácia comprovada para curar a dengue. O tratamento é feito apenas sobre os sintomas. “O principal remédio é muita água, se hidratar!”, orienta. Durante o período de infecção, é recomendado evitar o uso de anti-inflamatórios. “Podemos ter aumento do risco de sangramento e os anti-inflamatórios podem agravar esse processo”, ressalta.

Cuidados para evitar a proliferação do Aedes aegypti

• Evitar usar pratos nos vasos de plantas. Se usá-los, coloque areia até a borda;
• Guardar garrafas com o gargalo virado para baixo;
• Manter lixeiras tampadas;
• Deixar os depósitos d’água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente, as caixas d’água;
• Evitar ter em casa plantas como bromélias, pois acumulam água;
• Tratar a água da piscina com cloro e limpar uma vez por semana;
• Manter ralos fechados e desentupidos;
• Lavar com escova os potes de comida e de água dos animais pelo menos uma vez por semana;
• Retirar a água acumulada em lajes;
• Dar a descarga, pelo menos uma vez por semana, em banheiros pouco usados;
• Manter fechada a tampa do vaso sanitário;
• Evitar acumular entulho, pois ele pode se tornar local de foco do mosquito da dengue;
• Denunciar a existência de possíveis focos de Aedes aegypti para a Secretaria Municipal de Saúde;

Kevin Banruque
Editor

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