Um espaço que preserva o passado, acolhe o presente e, ao ser (re)descoberto, se abre para o futuro. O foyer que a Sociedade Harmonia-Lyra reinaugura no dia 23 de maio não é apenas mais uma sala no vasto e quase centenário prédio da entidade, mas um ambiente cujas memórias aludem a uma página importante da arte joinvilense e deslizam pela arquitetura cheia de história. Chegou a hora de destrancar portas e janelas e olhar para dentro dela.
O foyer da Harmonia-Lyra fica no andar superior do salão principal, de costas para os camarotes e de frente para a movimentada rua 15 de Novembro. É onde regularmente os membros da Academia Joinvilense de Letras (AJL) se reúnem para confraternizar e debater seus assuntos literários, mas em outros tempos o que vigorou ali foi a dança.
Nos anos de 1930, a sala recebeu nada menos do que a primeira escola de balé de Joinville, liderada pela professora Liselott Trinks, um mito da cultura local. Não é exagero dizer que ali foram lançadas as sementes do Festival de Dança de Joinville, já que a professora Lot organizava um evento chamado Festival do Bailado, do qual participavam suas alunas e outros estudantes de dança da cidade. Não por acaso, muitos anos depois, em 1983, o Festival de Dança de Joinville começou entre as paredes da Harmonia-Lyra.
É uma parte da história que muitos joinvilenses desconhecem, tanto quanto a própria existência da sala. Mas isso está para mudar com a completa restauração do local. Uma obra difícil que exigiu a reforma do telhado, do forro, das paredes, do piso e do sistema elétrico e a instalação de banheiros e de um projeto luminotécnico. Detalhe: a barra de balé e um dos espelhos móveis usados por Liselott Trinks em suas aulas estão intactos no local, bem como uma mesa da primeira Câmara de Vereadores de Joinville, cedida para a AJL.
Mas a “cereja do bolo” desta nova fase do foyer é o lustre de cristais belgas, que ressurge após anos longe dos olhos do público. O adorno ficou à mostra no grande salão desde a época da inauguração do prédio da Lyra, mas na década de 1980 foi trocado pelo que se encontra ali até hoje. Após um longo tempo guardado, o lustre foi totalmente restaurado e está pronto para ser novamente visto em todo o seu esplendor.
Espaço multiuso
A partir de agora, além de servir de sede para a AJL, o foyer passa a ser um espaço multiuso, podendo receber tanto música de câmara, jantares e reuniões quanto servir de apoio para os eventos no salão principal. “Este é um espaço privado de uso público. O que fazemos aqui é para a comunidade joinvilense, tanto no que se refere ao restauro quanto às atividades culturais. É um legado que recebemos dos fundadores da cidade, e nossa missão é preservar para poder legar às gerações futuras”, afirma Álvaro Cauduro, presidente da Sociedade Harmonia-Lyra.
Maria Cristina Dias, presidente da Academia Joinvilense de Letras, lembra que a Sociedade Harmonia-Lyra faz parte da história da entidade desde sua criação. Em seus salões foi realizada a solenidade de fundação da AJL e a posse dos primeiros acadêmicos, em 1969, com a presença de representantes da Academia Catarinense de Letras e da Academia Brasileiras de Letras. “A Lyra também acolheu generosamente a AJL em seu processo de revitalização, mostrando, na prática, que a união promove o engrandecimento de todos – e é com muito orgulho e gratidão que hoje temos a nossa sede situada em seu prédio histórico”, exalta Maria Cristina.
Receba notícias em seu celular pelo grupo de WhatsApp do jornal Folha Metropolitana Curta nossa página do Facebook e siga-nos no Instagram
Folha Metropolitana
A diferença entre a literatura e o jornalismo é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida… Oscar Wilde