O projeto nasce ao dialogar com o cineasta Juliano Lueders e perceber na sua formação
profissional a relação direta com documentários de temas relacionados às mulheres que
sofrem de vulnerabilidade social, ainda saber que há ausência de outras linguagens artísticas e
pedagógicas no espaço prisional como ferramenta de experiência, vivência e formação cultural.
O ensejo também surge a partir da experiência da pesquisa de teatro e prisão desenvolvida
pela VAI! Coletivo nos anos de 2019-1, 2022-2 e 2023-2, com a atriz e professora Samira
Sinara, essa prática foi como desdobramento da montagem do solo performático ©elas no ano
de 2010, em parceria com a diretora Daiane Dordete Steckert Jacobs (UDESC-CEART),
naquele momento o projeto foi contemplado pelo edital de cultura SIMDEC- Mecenato. A VAI!
também se caracteriza como grupo que dialoga na transversalidade e no uso das linguagens
como forma híbrida, seja na produção, formação e pesquisa dos seus trabalhos. Neste ano de
2024, a VAI! celebra 15 anos de atuação na cidade e no estado catarinense.
O curso de roteiro visa incentivar e conhecer a linguagem do cinema na percepção da
existência de mulheres protagonistas como co-autoras de suas histórias de baixo ou nenhum
acesso a arte, resultando inclusive, na melhora da alfabetização dessas mulheres, que
possuem a realidade das estatísticas brasileira em relação à violência social, bem como
ausência do papel do Estado nestas instâncias. Olhar a si e ao outro com novos sentidos e
pensamentos decorre a proposta do curso de roteiro no Presídio Feminino de Joinville (PFJ)
para duas turmas alcançando aproximadamente 30 mulheres ao longo de quinze encontros
(totalizando a carga horária de 60h/aula), iniciando suas atividades no dia 11 de abril e
finalizando no dia 25 de julho de 2024. O curso também oportuniza o certificado para cada
aluna reeducanda ao final do curso.
Nesses encontros haverá a exibição de documentário, leituras, atividades práticas e dinâmicas,
que de forma lúdica abrangem o tema, personagens, situações, lugares vividos ou imaginários
como forma de ver e sentir o mundo além das grades. O curso resultará na criação e
elaboração roteiros pelas alunas reeducandas que serão apresentados na última aula através
de leituras encenadas. Ainda haverá a partilha desta experiência e vivência no cárcere pela
equipe técnica do projeto como contrapartida, no auditório Chico Lessa da sede do Centro de
Direitos Humanos Maria da Graça Bráz de Joinville – dia 03 de julho de 2024 (19h-20h), o
material gerado e profícuo busca incentivar à pesquisa e refletir sobre o papel da
ressocialização no sistema penal brasileiro a comunidade joinvilense.
O curso permite ainda um caminho de novos olhares e perspectivas a partir do cinema proporcionando autoestima, coletividade, autonomia, que são capacidades e valores humanos despertados por meio da
cultura como suportes para capacitação e reinserção na sociedade brasileira contemporânea.
O curso de roteiro faz parte do Projeto ‘histórias não contadas: curso de roteiro no Presídio
Feminino de Joinville, contemplado pelo Edital Lei Paulo Gustavo Municipal LPG Joinville 2023
– executado com recursos do Governo Federal e Lei Paulo Gustavo de Emergência Cultural,
por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (SECULT) com realização VAI! Coletivo e apoio
do Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Bráz Joinville (CDHMGB) e Conselho
Carcerário de Joinville (CCJ).
Receba notícias em seu celular pelo grupo de WhatsApp do jornal Folha Metropolitana Curta nossa página do Facebook e siga-nos no Instagram

Folha Metropolitana
A diferença entre a literatura e o jornalismo é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida… Oscar Wilde