A mídia e o que não importa
Ofereceram a Milton Nascimento um lugar na arquibancada para a cerimônia do Grammy 2025. Esperanza Spalding, sua parceira no trabalho que concorreu a melhor álbum de jazz, tinha uma mesa e questionou a produção do evento por eles colocarem um senhor com dificuldade para subir escadas em local tão inacessível para ele. O que ela ouviu? “Ficarão na mesa apenas os artistas que nós queremos no vídeo”.
Isso é o mundo das mídias, do que é para ser visto apenas, do que não representa mais do que a estética visual, da busca por audiência e grana. Não bastou a Milton sua carreira incrível, a contribuição inquestionável para a arte e a cultura, toda a sensibilidade e o carisma, o critério midiático é outro, é feio, é raso. Desligo a TV e encontro Milton na vitrola, para ele, toda a minha sala e meus ouvidos.
Jura que é bom?
Estive em Curitiba no fim de semana, fui ao Cine Passeio, um complexo cultural e cinema de rua de Curitiba, mantido pelo ICAC – Instituto Curitiba de Arte e Cultura. Lugar comexposições, cafeteria, duas salas de cinema, um espaço para cursos de audiovisual e um cinema a céu aberto. Daqueles lugares que você quer voltar… que você quer morar.
Assistimos o iraniano Meu bolo favorito. História de Mahin que, aos 70 anos, vive sozinha em Teerã desde a morte do marido e a partida da filha para a Europa. Um chá da tarde com amigas quebra a rotina solitária e a faz revitalizar sua vida amorosa, mas à medida que Mahin se abre para um novo romance, o que começa com um encontro inesperado rapidamente evolui para uma noite imprevisível e inesquecível.
Impossível não se apaixonar pelos personagens.
O poeta de manhã
Pousou-me no ombro, tal dor
Uma nódoa, esse borrão
Um incômodo, um vergão
Que trouxe manso torpor
Água arrefecendo ardor
Chuva boa sobre a terra
Compaixão sobre quem erra
Essa nódoa, na verdade,
Era a sensibilidade
Aparelhando-me à guerra.
Não de um insano combate
Que desse fujo e me esquivo
Quero na vida estar vivo
Mesmo que a dor me maltrate
Almejo que não me mate
A frieza ou a maldade
O afeto pela metade
Quero o olhar mais humano
Que se é pra ser insano
Que seja felicidade.
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