Os dados impressionam e ajudam a explicar a preocupação da sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, o suicídio foi a causa de mais de 1 morte a cada 100 pessoas; 58% dos suicídios ocorreram antes dos 50 anos; na pandemia, os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25%; o Brasil é o país mais ansioso do mundo.
Já a Universidade Federal de São Paulo informa que 63% dos brasileiros lida com algum quadro de ansiedade e 57% de depressão; e o DataSUS diz que o número de suicídios é maior que o número de mortes em acidente de moto nos últimos 20 anos no Brasil.
Neste mês, a campanha Setembro Amarelo propõe ações de prevenção ao suicídio. O que nem todo mundo sabe é que hoje os tratamentos relacionados às doenças mentais evoluíram muito e estão cada vez mais acessíveis.
Diagnóstico
Eu fui diagnosticada com Transtorno Depressivo Maior e, há mais de quatro anos, sou acompanhada por profissionais especializados. Desde então, além do acompanhamento psiquiátrico e psicológico, também faço uso de medicamentos.
Em 2020, tive a famosa Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, e precisei ficar afastada das minhas atividades laborais (na época eu trabalhava para iniciativa privada).
A primeira coisa que eu gostaria de dizer é que Síndrome de Burnout não tem uma correlação direta com outros transtornos mentais e, todos que estão ativos profissionalmente, estão sujeitos a ela.
A medicina evoluiu
A segunda coisa é que a medicina evoluiu muito e hoje já é possível ter qualidade de vida mesmo em tratamento psiquiátrico. Obviamente que tudo varia de acordo com cada diagnóstico. O impacto que os remédios geram nas pessoas às vezes eram muito severos e causavam limitações, um dos motivos da resistência à medicação.
Hoje essa situação mudou e precisamos olhar para o acompanhamento como uma oportunidade de você ter uma vida normal sem os diversos sintomas e as dores que uma doença mental causa. E só estou falando isso porque é algo que eu convivo e muito bem.
O fato é que não devemos usar nossas “limitações” como bengala ou justificativa para o que não conseguimos desempenhar. O que nos cabe (obrigatoriamente) fazer, é buscar ajuda especializada para tratarmos com responsabilidade cada uma delas.
Tratamento é a solução
Supondo que você desenvolva uma doença crônica que tem tratamento, como diabetes ou hipertensão, por exemplo, você certamente o faria e, inclusive, seria grato por ter essa opção. Agora, o que te faz pensar que tratar uma depressão não é necessário?
Não estou falando em olhar para questões mentais com banalidade, algo que é muito comum. Meu objetivo é fazer com que as pessoas entendam que tão importante quanto aceitar a existência destas doenças é ser aberto e solidário aos tratamentos.
Não seja preconceituoso, não crie conclusões e julgue a dor dos outros. Não é porque não vemos, que elas não existem. Não cuidar psicologicamente de si ou daqueles com quem dividimos a vida é um ato muito cruel e errado.
Tudo bem não estar bem. Mas procure ajuda!
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