‘Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil’, esse foi o tema do ENEM 2023 e que de certa forma já abordamos aqui nesta coluna, mas este assunto merece visibilidade e ainda precisamos evoluir muito enquanto sociedade.
O primeiro ponto desta reflexão é pensar que a maternidade é o labor mais importante da vida de qualquer ser humano, afinal, quando nascemos precisamos ser alimentados, higienizados, enfim, cuidados no sentido mais amplo da palavra.
O segundo ponto é entender que não existe um padrão no “maternar”. Temos mães que dedicam seu tempo exclusivamente para cuidar do filho, mesmo que por um período determinado, outras, trabalhadoras em regime CLT que possuem o direito do afastamento das atividades profissionais por 4 ou 6 meses, dependendo da empresa. E ainda existem as mães empreendedoras/empresárias/autônomas que não podem pausar suas atividades laborais e precisam conciliar tudo isso.
É incontestável que independente do tipo de rotina ser mãe exige muito das mulheres. Além de aspectos hormonais e físicos que mudam e impactam muito no ritmo de vida de cada uma, ela ainda precisa executar suas atividades com excelência e gerar resultado: em casa, na educação do filho e no trabalho.
Uma pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas trouxe dados bastante preocupantes e que mostra como a licença-maternidade de 120 ou 180 dias existente no Brasil hoje, não é capaz de reter as mães no mercado de trabalho.
Segundo a pesquisa, após 24 meses metade das mulheres que tiram licença-maternidade está fora do trabalho e esse indicador se mantém até 47 meses após a licença. Porém quando se avalia o nível de escolaridade destas mães, nota-se que existe diferença nestes indicadores. Quanto maior o nível de escolaridade menos é a queda no emprego, 35% para os níveis mais altos contra 51% para os níveis mais baixos. Ao analisar a licença de 180 dias, esse número melhora aumentando 7,5 pontos percentuais.
É perceptível que manter-se no mercado é desafiador uma vez que temos um sistema que desfavorece isso, basta observar a quantidade de creches públicas e o preço das particulares, ou faltam vagas ou torna-se inviável pagar mais do que recebe por mês.
Um outro ponto que favorece e reforça estes indicadores é o fato de que o impacto sobre a vida da mulher é imensurável. A amamentação que exige disponibilidade física e emocional, as inúmeras noites mal dormidas, a auto cobrança sobre estar fazendo o melhor, isso sem contar que boa parte disso já iniciou antes mesmo da chegada do bebê.
É complexo e não é fácil de resolver. Mas existem ações que as empresas podem que contribuir e incentivar a permanência das mulheres no mercado de trabalho: licença parental, sala adequadas para amamentação, auxílio creche, e não menos importante as políticas claras sobre promoções. Lembre-se que valorizar o trabalho de uma mãe é investir no futuro.
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