Andrini Vieira: Experiência pessoal

A colunista conta os desafios de ser mãe no mundo corporativo
Foto: Ana e Bob Retratos

Este mês gostaria de pedir licença dos leitores para falar sobre uma experiência pessoal. E precisa ser este mês! Não porque maio é o mês das mães, mas porque além de ser o meu primeiro, também é o último mês que eu carrego o meu filho no ventre.

Em poucas semanas minha vida, que já vem mudando, se transformará por completo, e desde que essa novidade chegou, muitas outras situações foram geradas e mexeram demais com quem eu sou, inclusive, profissionalmente.

A verdade é que ser mãe no mundo do trabalho hoje é muito desafiador, pois normalmente é a mulher que pausa sua vida profissional para dedicar-se à família e além de todas as culpas, a que está relacionada à carreira trás muita insegurança e interfere na decisão de ter ou não um filho.

Segundo uma pesquisa da Ipsos realizada no início de 2021 com mães e pais de 28 países, incluindo o Brasil, 46% das brasileiras se sentem julgadas com frequência como mães, contra 36% dos pais que apresentam o mesmo sentimento sobre a paternidade. Esse dado coloca as mães brasileiras como as que mais sofrem com julgamentos no mundo. E isso se dá por que ainda existe uma diferença considerável ao que se espera de pais e mães.

Neste período gestacional eu vivi momentos discriminatórios, mesmo sendo uma profissional autônoma. As vezes não intencional, mas existe (e muita) discriminação estrutural. Eu costumo exemplificar essa situação com o questionamento de porquê nunca perguntaram para o meu marido como será a carreira dele após o nosso filho, mas a mim foi uma pergunta bem recorrente como se maternidade e carreira fossem duas coisas incompatíveis entre si.

Discriminação Estrutural

A discriminação estrutural está enraizada nos costumes e na cultura organizacional, apresentando obstáculos para grupos ou indivíduos acessarem as mesmas oportunidades que outros.(Monique Munarini – Instituto Aurora)

Quando o assunto é rede de apoio, nem sempre é algo que as mães do Brasil podem contar. Um estudo feito pela Catho em 2021, identificou que entre as mães que trabalham fora, 19% deixam seus filhos com os pais, e no caso inverso, 58% dos pais deixam os filhos com as mães. Durante a pandemia, 92% das mulheres que estavam em home office também eram as responsáveis pelos filhos.

Felizmente já existem algumas iniciativas no mundo corporativo que valorizem a a maternidade e trazem equidade no dia-a-dia das empresas. Separei algumas para vocês conhecerem e se inspirarem a adotar em suas organizações.

Contratação e promoção de Gestantes – L’Oréal Cosmética Ativa

Roberta Sant’Anna foi contratada grávida da primeira filha e promovida na segunda gestação. “A maternidade trouxe um senso ainda maior de priorização e valorização do meu bem-estar, da minha família e do meu time. Ela nos mostra a importância da organização de tarefas e a busca pelo equilíbrio, para que possamos desempenhar bem qualquer um dos nossos papéis”, testemunha Roberta.

Licença parental – Grupo O Boticário

Licença remunerada de 4 meses, concedida de forma universal para homens, casais homoafetivos e pais de filhos não-consanguíneos, além, claro, das mulheres que já têm a licença de até 180 dias.

Berçário na empresa – Whirlpool Joinville

Em Joinville, as funcionárias da empresa podem levar seus filhos para o trabalho e deixá-los na creche mantida pela companhia. Com exceção de fraldas, roupas e remédios (se necessário), todas as demais despesas são oferecidas para as crianças de até 1 ano. Além disso, as mães podem entrar 30 minutos mais tarde para amamentar, são chamadas no meio do expediente e saem 20 minutos antes para garantir a amamentação exclusiva pelo menos até os seis meses de idade

Estabilidade prolongada – GEAP Saúde

A lei trabalhista garante estabilidade de 4 meses da licença maternidade mais 1 mês após a volta ao trabalho. No caso desta operadora de planos de saúde, a licença maternidade é estendida para 6 meses e com mais 6 meses de estabilidade. A iniciativa existe para combater o alto índice de 50% de demissões sem justa causa de mulheres após a licença, dado apresentado pela Fundação Getúlio Vargas.

Inverter essa lógica de pensamento é fundamental e necessária. Não podemos mais tolerar atitudes preconceituosas que colocam ainda mais peso em cima da nobre missão de ser mãe. Mude pequenos hábitos hoje.

  • Respeite as filas preferenciais;
  • Ao entrevistar uma mulher, não pergunte se ela quer ter filhos e muito menos quem cuida deles quando estão doentes.
  • Seja gentil com suas colegas Gestantes, ofereça espaço de crescimento e apoio.

Quando olhar para uma gestante lembre-se que ela vive seu melhor e mais radiante momento, mas que isso não faz desta tarefa algo fácil e indolor.

Dedico está coluna ao meu Gabriel, que ao redigir a próxima coluna já estará ao meu lado.

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Andrini Vieira
Colunista

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