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Dando continuidade à série de reportagens da Folha Metropolitana sobre as eleições municipais, apresentamos as propostas de Kátia Cardoso da Silva, atual vereadora de Araquari e candidata à prefeitura pelo MDB. Em sua primeira disputa ao cargo executivo, Kátia foca em áreas cruciais como saúde, educação e mobilidade urbana, ressaltando a necessidade de investimento em infraestrutura e a valorização dos servidores públicos, especialmente na educação.
Entre suas principais propostas estão a implementação de ônibus com tarifa zero, a ampliação da rede de saúde com novas unidades e a criação de uma Guarda Municipal para reforçar a segurança pública. Kátia também defende um diálogo constante com a população, por meio de uma gestão participativa, e busca parcerias com os governos estadual e federal para viabilizar seus projetos.
Confira a entrevista completa:
Folha Metropolitana: O que a motivou a se candidatar à prefeitura de Araquari, e quais são os principais desafios que você enxerga para a cidade?
Kátia Cardoso da Silva: Em primeiro lugar, sou apaixonada por essa cidade. Nasci, cresci, trabalho e criei meus filhos em Araquari. Sempre fui vista como líder, seja por minha família ou por meus colegas de trabalho. Além disso, desde pequena quis melhorar a cidade em que vivo. Por muito tempo atuei nos bastidores, mas desde que me candidatei a vereadora, vi que somente atuar no legislativo não era suficiente. Por isso me coloquei a disposição da cidade para ser uma verdadeira mudança. Quero que cada família tenha a oportunidade de dar para seus filhos a vida que eles sonham e merecem. Graças ao seu crescimento, Araquari é uma cidade com muitas oportunidades, Mas também desafios: Esse crescimento fez com que nossa arrecadação crescesse, mas a falta de planejamento não deixou que os serviços públicos acompanhassem. Hoje, temos falta de profissionais tanto na saúde, quanto na educação. Temos também mais famílias em situação de vulnerabilidade social e com uma segurança pública quase inexistente. E uma cidade completamente desconexa do ponto de vista de mobilidade urbana, muito dependente das rodovias federais e de carros. O maior desafio é mudar essa realidade agora, antes que seja tarde demais.
FM: Sua trajetória na educação influencia sua visão política. Como você pretende aplicar sua experiência acadêmica e como professora para melhorar o sistema educacional municipal?
KCS: Araquari foi o foco da minha graduação e do meu doutorado. Na primeira, criei um projeto sobre História e Memória do município, enquanto no segundo, analisei o FUNDEB, que rege o financiamento das políticas públicas no município. Já em meu mestrado, analisei a história do processo de valorização do profissional da educação. Em primeiro lugar, precisamos garantir opagamento do piso nacional do Magistério, com reajuste em todos os níveis de acordo com nosso plano de carreira. Hoje, não é atrativo para os profissionais manterem-se em nossa cidade e uma maior valorização garante isso. Queremos construir novas escolas Modelo e implementar de fato a Escola em Tempo Integral com oficinas no contraturno, em parceria com a Secretaria de Esporte e Fundação Cultural. Queremos aumentar o leque de cursos profissionalizantes também, criando parcerias com SENAI, SESI, SEBRAE e IFC. Além disso, vamos estender o Horário Integral da educação infantil para 7h às 18h, tudo isso sem perder o foco em capacitação dos profissionais. Outra prioridade é garantir os direitos das nossas crianças com deficiência que atualmente estão completamente desassistidas pelo poder público.
FM: Quais são suas principais propostas para o desenvolvimento econômico de Araquari, especialmente em termos de geração de empregos e incentivo ao empreendedorismo local?
KCS: Atualmente, não enxergo Araquari como uma cidade que necessita de mais empregos, pois o crescimento da cidade e o desenvolvimento tem trazido isso para a cidade, mas vejo uma falta de mão-de-obra qualificada. Vamos trabalhar muito com a educação para garantir que nossos trabalhadores sejam qualificados para absorver essa demanda que hoje acaba indo para cidadãos das cidades vizinhas. Porém, os micro, pequenos e médios empreendedores sofrem em nosso município. Queremos buscar projetos de outras cidades nos quais a prefeitura para criou um Microcrédito para os empreendedores de sua cidade, com juros mais amigáveis. Também vamos reduzir algumas tributações excessivas, como o Alvará de Localização Anual (que deve ser pago somente uma vez em nosso governo para segmentos específicos). Além disso, vamos melhorar muito o sistema de transporte público, reduzindo gastos das empresas com transporte e também facilitando o acesso dos clientes para a cidade. Mas, vale ressaltar, que nossa principal garantia para o empresário da cidade é desburocratizar o acesso aos órgãos da prefeitura e a melhoria de serviços aos trabalhadores como creche em período integral.
FM: Em relação à infraestrutura, quais são suas prioridades para melhorar a mobilidade urbana, saneamento básico e acesso a serviços essenciais em Araquari?
KCS: Nossa principal bandeira no que tange a mobilidade urbana é a implantação de mais linhas de ônibus na cidade com tarifa zero. Esse é um compromisso nosso para a melhoria da qualidade de vida de toda a população. Com acesso gratuito a toda a cidade, o próprio trânsito tende a melhorar, porém, vamos também pavimentar e terminar de abrir a avenida das torres, para desafogar a BR-280. Vamos também alterar o plano diretor para que todos os loteamentos novos, possuam uma ligação com outros loteamentos que não dependam de uma Rodovia. No saneamento básico, vamos garantir melhorias no abastecimento e qualidade de água e reimplantar a Coleta Seletiva no município.
FM: Como você pretende lidar com a questão da saúde pública, especialmente no contexto pós-pandemia? Há planos para ampliar a rede de atendimento médico na cidade?
KCS: Nossa saúde, principalmente a primária, está se sustentando por aparelhos. Precisamos urgentemente de uma nova UPA no Itinga e reestruturar a atual UPA do centro da cidade. Antes dessas obras se concluírem, vamos estender o horário de atendimento de algumas UBS estratégicas para lidar com a atual demanda. A ampliação do atendimento médico se dará, principalmente, com o aumento do salário dos médicos em nossa cidade. Para esse atendimento, criaremos duas policlínicas, uma no Centro e outra no Itinga, além de um centro de Especialidade para o atendimento de Crianças com Deficiência, contando com uma equipe multidisciplinar. Saúde sempre foi minha prioridade durante meu mandato e a experiência e grande sucesso da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Araquari, me fez visualizar o grande potencial das entidades de terceiro setor. Vamos fortalecer os convênios existentes e criar novos, para que assim, tenhamos mais braços da prefeitura para atender a todos.
FM: A preservação ambiental é um tema relevante em Araquari, dada sua proximidade com áreas naturais. Quais políticas de sustentabilidade você pretende implementar?
KCS: Educação e Sustentabilidade precisam sempre andar lado a lado, por isso, nosso primeiro trabalho será fortalecer esse laço, com campanhas nas escolas. Hoje nossas escolas fazem um trabalho ambiental brilhante, mas podemos perceber algumas contradições. Como ouvi de alguns professores que, a escola ensina a separar o lixo reciclável do comum, mas a prefeitura não tem mais o trabalho da Coleta Seletiva. Vamos reativar a Coleta e incentivar a criação de uma cooperativa de reciclagem. Temos muito interesse também em cuidar melhor de nossa praia, a Barra do Itapocu. Vamos realizar o desassoreamento da Lagoa da Cruz e Lagoinha e realizar exames contínuos de análise da água. Também vamos tornar nossa cidade mais arborizada. Hoje, muitos moradores sofrem no calor por conta da falta de árvores em diversos loteamentos. Queremos deixar nossa cidade mais bonita e mais verde!
FM: A segurança é uma preocupação crescente em diversas cidades. Quais medidas você propõe para garantir mais segurança para os moradores de Araquari?
KCS: Para falar disso, preciso falar do meu histórico como vereadora. Em todo o meu mandato, eu lutei por Segurança Pública. Visitei diversos municípios para buscar uma solução e trouxe para a câmara a indicação da Guarda Municipal. Após muitas lutas e, infelizmente, algumas tragédias no estado, a prefeitura decidiu acatar. Votei a favor da criação da Secretaria de Segurança Pública e Social para a posterior criação da Guarda Municipal. Porém, mais de um ano após a secretaria ter sido criada, nada de termos uma Guarda Municipal. Garanto que, em meu governo, lançaremos o concurso público para a Guarda e teremos uma guarda de patrulhamento ostensivo, com em torno de 40 servidores efetivos. Também vamos conversar com o governo estadual para aumentar o efetivo da polícia militar no município e buscar implementar uma delegacia regional em Araquari para posteriormente termos uma Central de Polícia Civil 24h e uma Delegacia da Mulher no município.
FM: Se eleita, como será o diálogo com a comunidade? Você pretende adotar algum tipo de gestão participativa para que a população contribua com ideias e decisões?
KCS: Meu plano de governo já foi construído através da comunidade. Através de 15 reuniões, os “Fala Araquari”, visitamos praticamente todos os bairros do município e coletamos as reivindicações de cada comunidade. Em nosso governo, não será diferente! Teremos reuniões periódicas em cada bairro para ouvir demandas de cada comunidade. Além disso, vemos muito potencial para que a própria Sociedade Civil Organizada possa contribuir com o trabalho da prefeitura. Para isso, vamos investir fortemente em capacitação para as associações e convênios com o terceiro setor. Além disso, o Gabinete da Prefeita ou Vice-Prefeito está sempre disponível para escutar os anseios da comunidade.
FM: Como você enxerga o papel da cultura e do esporte no desenvolvimento social da cidade? Que projetos você planeja para essas áreas?
KCS: A cultura e o esporte exercem um papel fundamental, principalmente na vida dos jovens, os espaços de convivência para a prática de esportes ou de atividades culturais desenvolvem um senso de responsabilidade, de convivência em grupo e respeitar regras, que vai acompanhar os jovens por toda sua trajetória de vida. A vida de meus filhos foi completamente mudada graças ao teatro, por isso essa expressão artística tem o meu coração. Temos diversos projetos como, fortalecer o esporte amador e o esporte integrado as escolas, não apenas na aula de educação física, mas que as crianças possam ter oficinas de judô, por exemplo. E a criação de espaços de multiuso, nos quais a comunidade possa estar participando de eventos culturais e se tornando também uma alternativa de lazer para as famílias. Outro ponto de destaque seria o incentivo ao turismo religioso e o resgate das festas tradicionais do município. Tenho conhecimento de causa como professora, por isso trouxe também a criação de um calendário escolar para o turismo pedagógico no município. Hoje, Araquari recebe muitas famílias de fora e é importante que todos conheçam a história do nosso município e que ele se torne para essas pessoas não apenas um lugar onde se trabalha, mas também um lugar onde se vive. Em nosso governo, a Fundação Cultural trabalhará de forma integrada com diversas outras secretarias como a de Educação, Assistência Social a de Saúde.
FM: Qual é a sua visão sobre a relação da prefeitura de Araquari com os governos estadual e federal? Como pretende buscar recursos e parcerias para alavancar projetos na cidade?
KCS: Araquari tem uma localização privilegiada no estado, próxima de dois portos importantes, cortada pela BR-101 e a menos de 200km de duas capitais, tornando-se assim um município estratégico para o estado e país. Em meio a uma política cada vez mais polarizada, o diálogo entre os entes federativos é imprescindível, e podemos ver em nosso estado como algumas discussões têm sido atravancadas graças as diferenças ideológicas entre Governo Federal e Estadual. Hoje e sempre, sou filiada ao MDB, um partido verdadeiramente de centro, por isso, tenho um bom contato tanto no governo estadual, no qual somos base, quanto federal, no qual também somos base. Além disso, tenho bons amigos na Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado. Com essas portas abertas e bom relacionamento com todos os entes, nossa cidade só tem a ganhar e crescer.
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A diferença entre a literatura e o jornalismo é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida… Oscar Wilde
