Upiara Boschi: Joinville e o governo de Jorginho Mello

Cleverson sorri na posse como secretário estadual. Crédito: Cristiano Andujar/SECOM.

Quando se olha para a atual expressão política de Joinville, é curioso observar que o governo de Jorginho Mello (PL) de certa forma compensou as perdas que os votos (ou falta deles) causaram na representatividade da maior cidade do Estado. Uma espécie de contrapeso gerada pela força econômica de uma cidade que ainda vive um momento de entressafra na política.

Na urna, graças ao cansaço do joinvilense em relação a algumas figuras e às más escolhas estratégicas de outras, a cidade caiu de três para apenas um deputado federal: o novato ativista Zé Trovão (PL). Na Assembleia Legislativa, as três cadeiras foram mantidas, mas com o sabor agridoce porque faltavam poucos votos para que fossem pelo menos cinco. Sargento Lima (PL) e Fernando Krelling (MDB) tiveram reeleições tranquilas e serão acompanhados por Matheus Cadorin, que leva para a Alesc o estilo discreto do Novo joinvilense.

Com Jorginho, Joinville conseguiu emplacar a delegada Marilisa Boehm (PL) como vice-governadora. Na prática, é no transcorrer do mandato que vamos descobrir a real influência que ela terá sobre o governador e sobre o governo. Os primeiros movimentos não protagonizaram Marilisa, mas mostraram que a relação é boa. É um bom começo: a de Carlos Moisés e Daniela Reinehr, ex-governador e ex-vice, nunca foi.

Mas o secretariado de Jorginho criou espaços generosos para Joinville. A escolha de Cléberson Siewert para a Secretaria da Fazenda, um ex-pupilo de Luiz Henrique da Silveira, foi comemorada nas entidades empresariais. O dono da chave do cofre tem o peso de uma bancada e estará atento aos anseios da região. Não reeleito deputado federal, Coronel Armando (PL) foi abrigado na Secretaria de Prevenção e Defesa Civil, que voltará a ter peso político após certo apagamento na gestão Moisés, quando até rebaixada do status de secretaria foi.

Ao trazer o deputado estadual eleito Estener Soratto (PL), de Tubarão, para a Casa Civil, Jorginho permitiu que o vereador Maurício Peixer (PL) enfim chegasse à Alesc para exercer mandato. Peixer perdeu a vaga por 3,5 mil votos para o próprio Soratto.

Ainda há espaços a preencher no governo e serão definidos pelas composições políticas. Jorginho quer o MDB, que deseja duas pastas. Uma delas pode abrigar outro nome de Joinville: Krelling, caso seja recriada a Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte. Nesse caso, a perda da vaga na Alesc (assumiriam Emerson Stein, de Porto Belo, e Rosi Maldaner, de Maravilha) é compensada pela capilaridade e capacidade de execução da secretaria.

Será importante observar a relação entre o governo Jorginho e a gestão do prefeito Adriano Silva (Novo). Krelling é um potencial adversário em 2024, assim como Sargento Lima, colega de partido de Peixer – cuja relação com o prefeito estremeceu após a eleição. O governador já sondou Adriano para o PL, conversa que ficou no ar. Certamente não cabe todo mundo no mesmo barco. Só se fosse uma daquelas articulações ao estilo de Luiz Henrique. Aliás, a grande inspiração de Jorginho na política.3

Vereadores penais

Parece que a experiência de vereador e policial penal era um pré-requisito do governador Jorginho Mello (PL) para o comando da Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa. Depois da polêmica indicação do vereador Jeferson Cardozo, de Jaraguá do Sul, que desistiu do cargo após o destaque dado ao fato de que chegou a ser preso preventivamente em investigação do Gaeco em 2019, o governador buscou o substituto em Mafra. O novo secretário será o ex-vereador Edenilson Schelbauer, candidato a prefeito da cidade em 2020, quando ficou em terceiro lugar na apertada disputa vencida por Emerson Maas (Podemos). Ex-presidente da Câmara de Mafra, Schelbauer é policial penal desde 2014. O adjunto da pasta, Nereu Mantelli (PL), é vereador em Chapecó.

Salário novo

Já está em vigor o novo salário do governador Jorginho Mello (PL), da vice Marilisa Boehm (PL) e dos secretários estaduais em Santa Catarina: R$ 25.322,25. O Diário Oficial do Estado com data de 13 de janeiro trouxe a promulgação da medida aprovada pela Assembleia Legislativa no final do ano passado. O ex-governador Carlos Moisés (Republicanos) não vetou e nem sancionou, deixou o para correr para que a Alesc embalasse o bebê – coube ao presidente Moacir Sopelsa (Mdb), em um de seus últimos atos, assinar a promulgação.

Igual deputado

O salário de governador estava congelado em R$ 15 mil desde 2010, no curto governo de Leonel Pavan (PSDB), quando Luiz Henrique da Silveira deixou o cargo de governador para concorrer ao Senado. Os vices ganhavam R$ 12 mil e os secretários, R$ 10 mil. O novo valor deixa governador, vice e secretários com o mesmo salário de deputado estadual. A ideia é de que as próximas correções de valores sejam conjuntas.

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Upiara Boschi

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