Por Cláudio Loetz
Nesta entrevista exclusiva, o secretário de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Econômico de Joinville, Marcel Virmond Vieira, fala de prioridades de ação, atratividade de empresas, plano diretor e expansão da cidade e de passivos urbanos.
Cláudio Loetz: Em um ano e meio de gestão, o que destacaria no trabalho da secretaria?
Marcel Virmond Vieira – Estamos criando a política municipal de desenvolvimento. Implantamos o Farol e o Espaço do Empreendedor. Também criamos a lei da retomada econômica, projeto para ajudar MEIs e microempresas. Também definimos prioridades para projetos executivos de infraestrutura e, aos poucos, vamos entrar no programa 1000 do governo estadual.
CL: Empresários sempre reclamam de muita burocracia para montar e expandir negócios…
MVV: Os processos estão mais desburocratizados. Temos reuniões semanais com empresários e lideranças para discutir mudanças nas leis, decretos e normativas com o objetivo de facilitar as atividades. O exemplo é no caso do estudo de impacto de vizinhança: reduzimos a tramitação de 27 para 3 etapas.
CL: A prefeitura considera fazer parceria público-privada para apressar obras e serviços que o poder público não consegue realizar?
MVV: Sim. Estamos formulando PPPs. A primeira será a da iluminação pública. Com apoio do BNDES, é um projeto a ser implantado ainda nesta gestão. A prefeitura tem 3 mil imóveis e pretendemos criar um fundo imobiliário para alavancar recursos. Estes imóveis valem vários bilhões de reais.
CL: O plano diretor precisa de mudanças?
MVV: O Conselho da Cidade foi renovado. Quase 70 por cento dos integrantes são novos. A discussão será importante. A expectativa é fazermos a regulamentação do plano diretor tão logo seja possível.
CL: As áreas de expansão urbana são polêmicas.
MVV: A regulamentação das áreas de expansão urbana é desafiadora. Na região Sul, a área de expansão é o caminho natural para o crescimento de negócios do setor de logística. No Norte, marinas e condomínios na Estrada Ilha e Estrada Timbé. A da região Sul já tem estudos urbanísticos e ambientais. Vai ser a primeira a ser colocada em discussão, oportunamente. Mas 70% das áreas de expansão urbana têm restrições ambientais. Os 30% utilizáveis representam 15 milhões de metros quadrados de área líquida.
CL: O que se faz para atrair empresas para a cidade de Joinville?
MVV: Conversamos bastante com as empresas da já tradicional base industrial local. Por diversos problemas legais – muitas vezes pontuais – empresas apresentam problemas. Em 2021, quarenta e quatro empresas tiveram dificuldades para renovar licenças ou vir para cá. A gente perde investimentos por causa de detalhes. Um exemplo: uma companhia do setor plástico procurou a prefeitura. Projeto de investimento de R$ 500 milhões e criação de 150 empregos. A legislação que incentiva vinda de empresas é antiga. O Pró-Empresa foi feito há uma década para atender a General Motors. Uma nova legislação está sendo preparada.
CL: Que segmentos são considerados essenciais?
MVV: Olhamos Joinville como um todo. Então, além das indústrias tradicionais, consideramos segmentos de cultura e turismo rural e o de logística como muito importantes, Não se fala muito em logística, mas estamos atentos a este setor; é um dos negócios que demanda mais espaço físico para se instalar. Na área de tecnologia Joinville integra o Tech Road, um corredor tecnológico que vai de Curitiba a Porto Alegre e reúne poder público dos municípios de Curitiba, Joinville, Florianópolis, Caxias do Sul e Porto Alegre. A lei de inovação, em gestação, vai ressignificar a região central da cidade.. Somos uma economia em forte crescimento. Joinville, no total, tem 84 mil CNPJs ativos, isso significa 10% do total das empresas do Estado de Santa Catarina. Só em 2021 surgiram 17 mil CNPJs novos
CL: E na infraestrutura?
MVV:Temos alguns problemas que são antigos. Temos 675 quilômetros de ruas sem nenhuma pavimentação; a cobertura de tratamento de esgoto é de 40% apenas; faltam 470 quilômetros de calçadas em via pavimentadas. Temos um passivo urbano grande ainda. , .. .
CL: Joinville é uma cidade de trabalho. As pessoas também precisam se divertir, ter lazer.
MVV: O plano de equipamentos públicos trata disso. Há dois projetos da iniciativa privada nessa direção: o parque linear Cachoeira, da H.Carlos Schneider; e a escola S, no antigo Moinho, projeto da Fiesc. Também queremos fortalecer a área náutica, nos Espinheiros, no rio Piraí… entre outros. A FG Empreendimentos tem projeto de um resort para a região do Quiriri. Há dificuldades ambientais lá.
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