Jean Balbinotti
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Detentor de 12 títulos estaduais e dois brasileiros (um na Série C e outro na Série B), o Joinville Esporte Clube (JEC) vive atualmente um dos piores momentos da sua história. Fundado há 46 anos a partir da fusão de América e Caxias, o JEC nunca esteve em uma situação tão delicada nos aspectos financeiros e esportivos. E tudo começou no ápice da sua trajetória, no ano de 2015, quando disputou a Série A do Campeonato Brasileiro.
De lá para cá, o time amargou rebaixamentos para as séries B (em 2015), C (em 2016) e D (em 2018), e teve participações pífias no Estadual dos últimos anos, sequer garantindo vaga para a quarta divisão do futebol nacional. Para piorar, neste ano, o JEC flertou com a queda para a segunda divisão do Catarinense, o que seria o desastre completo. Menos mal que conseguiu se livrar na última rodada, com uma vitória de virada, nos minutos finais, por 2 a 1, sobre o modesto Barra, de Balneário Camboriú.
A consequência disso tudo foi inevitável: o JEC ficará sem entrar em campo até o segundo semestre deste ano, quando vai disputar a Copa Santa Catarina. A competição garante ao vencedor participação na Copa do Brasil. O fato é que sem ter um calendário nacional, muitos atletas foram dispensados ou emprestados e o clube estuda jogar a Copa Santa Catarina com jogadores da equipe sub-20.
Conforme o presidente do JEC, Charles Fischer, o momento é de reconstrução e requer o envolvimento de dirigentes, torcedores e imprensa. “Estamos andando em círculos há seis ou sete anos. De um lado, temos sempre a obrigação de conquistar vitórias e fazer bons times, o que danifica o caixa do clube; de outro, há o aumento das despesas e ações trabalhistas que se acumulam para pagar”, explica Charles.
Segundo o dirigente, a dívida trabalhista do clube hoje está na faixa dos R$ 15 milhões e isso não se resolve em um ano e meio de mandato. Além disso, tem as dívidas fiscais que precisam ser negociadas e oneram ainda mais a condição financeira do Tricolor. Charles afirma que hoje as dívidas somadas chegam a R$ 47 milhões.
“Temos que entender a realidade. O clube só vai obter bons resultados dentro de campo, na atual condição, daqui dois ou três anos. É por isso que precisamos ter calma e organizarmos a parte financeira. Do contrário, a situação vai continuar piorando e podemos ter de fechar as portas”, avisa.
Projeto SAF
Uma alternativa que é estudada por uma comissão especializada no JEC é a transformação do clube em empresa por meio da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O modelo já é adotado no Brasil em clubes como o Botafogo e o Cruzeiro. A comissão avalia a viabilidade financeira para a implantação do projeto e os cuidados que o clube deve tomar para preservar a sua identidade.
O estudo da SAF está agora na fase da escolha da empresa que vai trabalhar todo o projeto para a captação dos investidores. “Estamos aguardando agora a questão de receitas para ver se o clube tem condições de pagar a consultoria porque não é investimento barato. O processo está andando, mas não é algo que vai se resolver nos próximos seis meses. Provavelmente ainda vai demandar um bom tempo, não é uma solução rápida. Não existe mágica”, explica o presidente.
Valorização da base
Outra aposta é o projeto de valorização das categorias de base, coordenado pelo ex-jogador do clube, Nardela, e que tem como embaixador o jogador Ramires, revelado pelo Tricolor nos anos 2000 e que já defendeu grandes equipes do futebol brasileiro e europeu. No entendimento de Charles Fischer, esse é o único caminho viável para a recuperação do JEC.
“Estou vivendo um dos momentos mais difíceis do clube. O projeto de valorização da base precisa começar de forma sólida, compacta e ter longa duração. Somente assim vamos colher frutos lá na frente e fazer bons negócios. Eu acredito muito e sei que ele vai dar muitas alegrias para o torcedor no futuro”, completa.
