Projeto Entre Corpos e Telas inicia as celebrações de 10 anos do programa Arte para Todos

Uma iniciativa inédita do Programa de Formação Cultural Arte para Todos, vinculado ao Instituto de Pesquisa da Arte pelo Movimento (IMPAR), deu início no último sábado (05) às celebrações dos 10 anos de existência do programa, que tem na arte a principal ferramenta para inclusão, inserção social e desenvolvimento de autonomia de pessoas com deficiência e transtorno mental.

O “Entre Corpos e Telas” é um projeto de experimentação artística, que contempla a realização de 4 oficinas a serem realizadas ao longo do mês de fevereiro, e colocará em um só palco 15 artistas de três grupos de teatro vinculados e mantidos pelo IMPAR: Arte para Todos, Louco é Pouco e Libração. O trabalho envolve atores e atrizes surdas, com deficiência intelectual, deficiência física, transtorno mental e também neurotípicas (sem deficiência).

O projeto foi selecionado pelo Edital Aldir Blanc 2021, e está sendo executado pelo IMPAR com recursos do Governo Federal e Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio da Fundação Catarinense da Cultura.

É a primeira vez que esses três grupos se reúnem em cena. Em 2017, eles participaram de um projeto do Coletivo Impar de Teatro no qual cada um deles realizou performances diferentes, com base em obras do artista joinvilense Juarez Machado, que foram apresentadas em ruas da cidade. Agora é diferente. A intenção é juntar as distintas linguagens, as formas de cada grupo fazer teatro de acordo com as particularidades de seus integrantes e reuni-los numa única experiência artística.

Mas não é apenas essa a novidade. “Entre Corpos e Telas” é também um trabalho de pesquisa e experimentação da relação dos atores com câmeras de vídeo e novas possibilidades de dramaturgia para um teatro apresentado de forma virtual. Essa foi uma  necessidade que surgiu durante a pandemia de Covid-19.

Nos últimos dois anos as atividades precisaram ser online, pela necessidade do distanciamento social. Os profissionais do Arte para Todos se depararam então com um grande desafio: a inclusão tecnológica e digital dos atores. Foi preciso naquele momento pensar uma dramaturgia específica para as aulas por vídeo, o enquadramento dos corpos nas câmeras e o uso de diferentes recursos de linguagem verbal e corporal.

“A pandemia nos mostrou que a arte e o teatro podem se desenvolver em qualquer ambiente e nosso desafio com este projeto é mostrar que fazer arte no ambiente virtual é possível para todas as pessoas”, afirma Iraci Seefeldt, produtora cultural e uma das coordenadoras do projeto.

Os condutores-pesquisadores das oficinas são a jornalista e produtora Iraci Seefeldt, responsável pelo desenvolvimento da dramaturgia na relação com as câmeras e o palco virtual; o ator e diretor Robson Benta, que conduzirá os jogos teatrais, focados nas práticas do brincar e do improvisar, exercitando a naturalização da relação com o erro e sua potência como oportunidade para que cada artista possa descobrir seus caminhos e processos de interpretação e criação cênica; e Nathielle Wougles, atriz e terapeuta ocupacional e atual presidente do IMPAR, responsável pela pesquisa sobre as possibilidades destes corpos como meio de expressão, linguagem e comunicação dentro da cena.

As oficinas serão realizadas nos quatro finais de semana de fevereiro e todo o processo será registrado em vídeo, para produção de um documento audiovisual que será lançado no YouTube no início de abril.

Os encontros acontecerão em quatro diferentes espaços culturais de Joinville. O primeiro deles, no último sábado, foi no Galpão de Teatro da Ajote – Associação Joinvilense de Teatro, na Cidadela Cultural Antartica. No próximo sábado, dia 12, o trabalho acontece no Instituto Internacional Juarez Machado. No domingo seguinte, dia 20, a oficina será realizada nos jardins da Casa do Capitão. Por fim, no dia 26, o último encontro será na Saltare Centro de Dança.

Programa Arte para Todos completa 10 anos em fevereiro

O Programa de Formação Cultural Arte para Todos nasceu dentro do IMPAR em fevereiro de 2012, a partir das primeiras experiências do ator e diretor de teatro Robson Benta com um projeto piloto realizado em 2011 com jovens com deficiência intelectual atendidos pelo  Núcleo de Atenção Integral à Pessoa com Deficiência Intelectual e Transtorno do Espectro do Autismo (Naipe DI/TEA), serviço da prefeitura de Joinville.

Tudo começou com uma simples visita de jovens com deficiência intelectual, acompanhados por profissionais de saúde do Naipe DI/TEA  à Casa da Cultura Fausto Rocha Jr., onde Robson Benta era professor de teatro e coordenador do Programa de Extensão Comunitária, em 2011.

Ao serem convidados a participar de uma aula de teatro, os jovens demonstraram bastante interesse nas atividades e estabeleceram uma visível conexão com o  professor e o fazer teatral. Esse primeiro encontro se transformou em um projeto-piloto, realizado de forma voluntária por Robson e por profissionais do Naipe, naquele mesmo ano, gerando a criação do projeto do Laboratório de Teatro do Naipe e do Programa de Formação Cultural Arte para Todos, em 2012.

Dentro do IMPAR a iniciativa já nasceu com a proposta de ser um programa permanente de formação cultural, para pessoas com deficiência e outras características e envolvendo a promoção de diversas ações interligando a formação, experimentação, vivência, fruição, produção e criação artística.

Ao longo desses 10 anos, o Arte para Todos realizou quase 200 atividades em teatro, dança, música, artes visuais e dança. Utilizando a arte como ferramenta de inclusão e inserção social de crianças, adolescentes e adultos com deficiência e transtorno mental, impactou diretamente mais de 18 mil pessoas ao longo da década.

Para se ter uma ideia da importância de trabalhos como o Arte para Todos, o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019, apontou que 8,4% da população brasileira tem alguma deficiência, seja física, visual, auditiva ou intelectual. A exclusão social dessas pessoas também está registrada em dados. Quase 68% delas não possuem instrução e apenas 28% em idade de trabalhar estão inseridas no mercado de trabalho.

Por meio das expressões artísticas é possível trabalhar a elaboração e manifestação das emoções humanas, tão importantes para a saúde psíquica e social do indivíduo. Soma-se a isso, o estímulo às suas potencialidades, criatividade e o encorajamento para execução de atividades sociais e também a inserção no mercado de trabalho, na área cultural e em outros setores.

Números do Programa Arte para Todos

– Oficinas: 51 turmas / 1.149 participantes

– Workshops: 44 turmas / 653 participantes

– Diálogos Arte para Todos: 25 encontros / 1012 participantes

– Mostra, Seminário, Tarde Cultural e outros eventos Arte para Todos: 36 eventos / 3.391 pessoas (público)

– Produções teatrais: 8 espetáculos / 57 apresentações / 5.472 pessoas (público)

– Lives e produções audiovisuais (2021):  10 lives, 4 produções e 3.290 visualizações

– Outras ações e participações em eventos de 2018-2021: 3.200 pessoas impactadas

Total de pessoas impactadas diretamente: 18.167 pessoas

Kevin Banruque
Editor

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